Início » Catalão a caminho de ser a capital brasileira das terras raras. A cidade possui a segunda maior reserva conhecida desses elementos no mundo

Catalão a caminho de ser a capital brasileira das terras raras. A cidade possui a segunda maior reserva conhecida desses elementos no mundo

de Antônio Paulino
7957 visitas

Prefeito Velomar conversa com o professor André Carlos, da UFCAT, sobre a instalação do Centro de Pesquisa em Processamento Mineral (CPPMin) em Catalão

Catalão já é referência mundial pelos minerais extraídos, beneficiados e exportados para diversos países. Agora, uma nova transformação promete reposicionar o município no mapa da inovação tecnológica. Se antes a cidade era lembrada sobretudo pela produção de nióbio e rocha fosfática, o desafio agora é consolidar um centro avançado de pesquisas em terras raras — grupo de elementos químicos usados na confecção de aparelhos celulares, na construção de motores automotivos e turbinas eólicas, além de serem imprescindíveis para a indústria bélica.

O primeiro passo para ser referência foi dado. No aniversário de 166 anos da cidade, comemorado no dia 20 de agosto, o vice-governador do Estado, Daniel Vilela, anunciou um presente para os catalanos: a criação de um centro de excelência em terras raras, em parceria com a Universidade Federal de Catalão (UFCat). A notícia animou pesquisadores e colocou o município ainda mais em evidência na mídia.

Catalão possui a segunda maior reserva conhecida desses elementos no mundo, atrás apenas do território chinês. Os minerais encontrados na região são classificados como terras raras leves, segundo a Tabela Periódica, com destaque para cério, lantânio, neodímio e praseodímio. No total, são 17 elementos químicos que compõem o grupo das terras raras — Catalão até possui os outros 13, mas em teores baixos, o que atualmente não compensa o investimento financeiro para beneficiá-los.

Para a implantação do Centro de Pesquisa em Processamento Mineral (CPPMin), foi apresentado aos governos estadual e federal um orçamento de R$ 15 milhões para a aquisição de cinco equipamentos de ponta, inexistentes fora da capital Goiânia. O centro de pesquisa não será exclusivo da universidade nem de empresas privadas. Pelo contrário, estará aberto à comunidade científica e empresarial, podendo até analisar amostras vindas de outros países — como uma peça mineral do Peru que já chegou a Catalão para estudo.

O prefeito de Catalão, Velomar Rios, conversou com André Carlos e Elenice Schons, professores e doutores da UFCat. O casal está à frente das pesquisas na universidade e também percorre o Brasil e o mundo em busca de investimentos para a cidade. “Agora, vocês encontraram mais um parceiro. Vamos ajudar nesse aparato para a busca do fomento para o Centro de Excelência”, disse Velomar, após receber informações dos pesquisadores sobre terras raras e a corrida global pelos minerais críticos e estratégicos.

Com investimentos, pesquisa e política pública para o setor, o prefeito acredita em um futuro em que a cidade não será lembrada apenas como exportadora de produto — a exemplo do nióbio atualmente —, mas também como polo tecnológico e de inovação em mineração sustentável.

Ao contrário da opinião de que a CMOC, instalada em Catalão, apenas extrai os minerais e envia para outros países, André aponta que há aí um erro de informação. A empresa também realiza a verticalização da produção, com a metalurgia do nióbio, na qual transforma o minério em produto de alto valor agregado: a liga ferro-nióbio, destinada à exportação.
A ambição agora é repetir o modelo com as terras raras. “Queremos não só fabricar o produto, mas também vender o serviço”, explica André, satisfeito em ganhar o apoio do prefeito Velomar para trabalhar com o objetivo de trazer mais investidores para a cidade. “A visão é clara: atrair empresas interessadas em tecnologia mineral, fomentar e fortalecer a capacidade de inovação.”

Há 13 anos, os professores atuam no Laboratório de Modelamento e Pesquisa em Processamento Mineral (LaMPPMin) da UFCat, hoje referência na América Latina em desenvolvimento de rotas de processamento e análises de minerais, já procurado por pesquisadores americanos e europeus.

0 comentario
0

Notícias Relacionadas

Deixe um comentário