Blog do JLB
Uma boa pessoa, mas no lugar errado e, mais ainda, na hora errada. É como pode ser definido o novo presidente estadual do PSDB, o prefeito de Trindade Jânio Darrot, nome que o ex-governador Marconi Perillo atravessou na garganta do partido em Goiás para matar no berço qualquer tentativa de renovação e assegurar o seu controle direto – mesmo na situação de fragilidade política em que se encontra, a legenda conta com um caixa mensal de R$ 300 mil reais, dinheiro que pode ser gasto à vontade com viagens, assessores, advogados, eventos e até aviões e helicópteros.
Empresário bem sucedido e prefeito, Jânio Darrot não precisa da estrutura do PSDB para atender aos seus interesses. Todo esse aparato, portanto, ficará à disposição de Marconi, que o usará para custear a sua sobrevivência política e enfrentar o cerco judicial de que é alvo. Na verdade, o tucano-mor de Goiás apenas repete a estratégia desastrosa de Iris Rezende quando foi apeado do poder em 1998 e, mesmo com o então PMDB em frangalhos, nunca permitiu a sua reoxigenação e o manteve sob mão de ferro – o que ajudou a construir 20 anos de derrotas consecutivas nas urnas, com exceção de três mandatos como prefeito de Goiânia que Iris conquistou para ele mesmo e de nada serviram para o partido.
Para enfiar Jânio Darrot goela abaixo do PSDB goiano, Marconi só precisou de algumas ligações diretamente de São Paulo, onde está morando. Alguns poucos que chegaram a falar em refundação, em autocrítica, em definir um perfil oposicionista, enfiaram rapidamente a viola no saco e dobraram os joelhos. O prefeito de Trindade foi aclamado, com um discurso em que exaltou as realizações dos governos do Tempo Novo, o que não só agrada, mas é exigência do ex-governador (a tal defesa dolegado, mote que, repetido dia e noite na última campanha, deu a Marconi o 5º lugar na disputa pelas duas vagas senatoriais). O novo presidente, assim, mostrou qual será a sua estratégia no cargo: não só olhar para trás, mas também andar para trás.