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“Não tenho ligação alguma com Marcelo Miranda”, diz empresário preso com R$ 504 mil em Piracanjuba, em entrevista ao jornal Opção.

de Antônio Paulino
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Em entrevista exclusiva ao Jornal Opção, Douglas explica como tudo ocorreu, desde o saque dos R$ 504 mil na cidade do interior de Goiás até seu envolvimento nas eleições estaduais do Tocantins.

Patrícia Moraes Machado – Especula-se que toda a situação de apreensão do avião, do dinheiro e dos santinhos foi armação política em Piracanjuba. O sr. confirma isso?

Acredito que não tenha havido armação, mas que estão se aproveitando de uma situação para transformá-la em fato político. O dinheiro apreendido é meu. Depositei na conta de um amigo e fui sacar. Porém, o gerente da Caixa Econômica Federal de Piracanjuba avisou a polícia do montante que eu estava sacando, porque estranhou a operação. Sacado o dinheiro, fui para o aeroporto. Chegando lá, fui surpreendido por policiais da Polícia Civil, uns três delegados e nove agentes, que perguntaram onde estava a droga. Revistaram a caminhonete e não acharam nada. Quando revistaram o avião, encontraram dois quilos de santinhos do candidato a deputado estadual do Tocantins Carlos Gaguim. Ele teria voado nesse avião poucos dias antes e esquecido o material. Então, quando os policiais encontraram os santinhos, mas não acharam as drogas que estavam procurando, começaram a ligar para Itumbiara e para Goiânia. Nessas ligações, alguém ligado ao Tocantins informou que o candidato era do PMDB. Assim, logo começaram a aparecer jornalistas. Então, não acho que tenha sido armação. Se não tivessem encontrado os santinhos no avião, não haveria ligação alguma com política.

Patrícia Moraes Machado – Como o sr. sabe que o gerente informou a polícia?

Ele confirmou para minha advogada.

Patrícia Moraes Machado – Por que os policiais que foram abordar o sr. eram do Grupo Especial de Repressão a Narcóticos (Genarc), se o sr. não estava com drogas?

Dizem que Piracanjuba é rota de droga. Como estávamos em um avião e sacamos dinheiro, eles desconfiaram e fizeram uma megaoperação, com colete a prova de balas e, inclusive, chamaram reforços de Goiânia.

Marcos Nunes Carreiro – O avião está no nome da Construtora Alja Ltda., do empresário Ronaldo Alves Japiassú. O avião estava com o sr. emprestado ou alugado?

Emprestado. Eu iria colocar apenas o combustível.

Marcos Nunes Carreiro – O sr. e o Ronaldo Japiassú são amigos?

Sim. Ele é empreiteiro também. Moramos em Porto Nacional e somos colegas de profissão. E essa prática de emprestar avião é comum, tanto que o avião que o Sandoval voa é dele também. É comum. Eu mesmo já emprestei avião.

Patrícia Moraes Machado – O sr. foi buscar dinheiro em uma factoring de Brasília. Qual foi o motivo da transação?

Fui buscar um empréstimo destinado a mim pessoa física e à minha empresa, pessoa jurídica, pois não sou sozinho nela. A parte que cabia à minha empresa, eu depositei na conta dela, R$ 400 mil.

Patrícia Moraes Machado – Como a factoring passou o dinheiro para o sr.?

Em cheques.

Patrícia Moraes Machado – Quantos cheques?

Dez cheques de R$ 100 mil, um cheque de R$ 280 mil e outro de R$ 220 mil, eu acho. O total do empréstimo foi de R$ 1,505 milhão.

Marcos Nunes Carreiro – O que o sr. fez com esses cheques?

Depositei na conta de um amigo, que mora na mesma cidade que eu, Porto Nacional (TO).

Marcos Nunes Carreiro – O sr. Lucas Marinho Araújo?

Sim. Ele faz engenharia civil e somos amigos desde que chegou a Porto Nacional, há três anos. Ele estava passando o fim de semana comigo em Goiânia. Quando eu peguei os cheques, eu comentei com ele que, se eu tivesse uma conta na Caixa Econômica, os depósitos entrariam como dinheiro. Ele me disse, então, que tinha uma conta na Caixa e que, inclusive, seu tio era gerente da agência. Assim, eu disse que iria depositar o dinheiro na conta dele e perguntei se seu tio conseguiria fazer com que eu pudesse sacar uns R$ 500 mil. O Lucas falou com o tio dele, que respondeu que arrumaria a situação. Chegamos a Goiânia, ele foi à agência e o tio dele pediu o cartão e viu que a conta era de Piracanjuba. Ou seja, o saque só poderia ser feito em Piracanjuba. Dessa forma, o tio ligou para o gerente de Piracanjuba e informou que o sobrinho iria procurá-lo para fazer a operação. O Lucas chegou à cidade e o banco estava fechado. O gerente abriu para ele e perguntou do que se tratava. O Lucas, então, mentiu para o gerente dizendo que o dinheiro se tratava de uma corretagem que havia ganhado e que ele precisava dividir o montante. A mentira foi para justificar o dinheiro e para o gerente não fazer muitas perguntas. O gerente disse que estava tudo bem, mas informou que para realizar o saque precisaria de no mínimo 48 horas. Passadas as 48 horas, eu fui com o Lucas a Piracanjuba. Chegamos ao banco por volta das 15h30 e o gerente disse para esperar. Ele nos enrolou cerca de uma hora para dar tempo de a polícia chegar à cidade. Quando a polícia chegou, ele me liberou para ir ao aeroporto. Chegando lá, assim que desci da caminhonete, vieram vários carros a paisana e fizeram a abordagem.

Patrícia Moraes Machado – O sr. sacou R$ 500 mil. E o restante?

Depositei R$ 400 mil na conta da minha empresa, R$ 300 mil na conta da minha namorada, que eu usaria para comprar um carro, porque a caminhonete que eu estava usando era alugada. E os outros R$ 200 mil eu depositei em uma conta minha para quitar algumas dívidas.

Marcos Nunes Carreiro – Explique melhor como aconteceu a divisão do dinheiro. Segundo a polícia, o sr. depositou R$ 1,5 milhão na conta do Lucas Araújo, R$ 400 mil na conta da Triple Construtora, R$ 288 mil na conta de um homem chamado Jorge Schineder e R$ 310 mil na conta da sua namorada. Se somarmos essa quantia o valor extrapola e muito a do empréstimo que o sr. fez em Brasília.

Eu depositei R$ 1,5 milhão na conta do Lucas. Da conta dele é que foi feita a divisão do dinheiro. Na conta da minha empresa, na da minha namorada e para quitar uma dívida que eu tinha com o Jorge.

Marcos Nunes Carreiro – Então, foram R$ 998 mil divididos em contas mais os R$ 504 mil que o sr. sacou em espécie?

Não. Eu saquei R$ 500 mil. Esses outros R$ 4 mil apareceram não sei de onde.Douglas

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