A primeira mulher trans campeã da Superliga de Vôlei começou a carreira em Goiânia. Tifanny Abreu disse estar honrando a cidade após vencer o hexacampeonato pelo Osasco, na vitória por 3 sets a 1 sobre o Sesi-Bauru. A atleta que joga na posição de oposta foi a segunda maior pontuadora do time com 24 pontos, atrás apenas de Natália Zilio.
Nascida em Paraíso do Tocantins, em 1984, cresceu em Conceição do Araguaia, mas só entrou para a vida esportiva, quando começou a jogar vôlei em Goiânia, onde morava com a família. Em entrevista ao jornalista Luiz Felipe Prota, do podcast Cientista do Esporte, poucos dias antes da partida, ela conversou sobre detalhes da vida e da carreira, como a única atleta transgênero na elite do vôlei brasileiro.

“Com a febre do vôlei, qualquer rua tinha uma quadra pintada. A criançada, os jovens armavam uma rede, compravam uma bola. E ali eu comecei a jogar vôlei, aprendi na rua, sozinha, vendo os outros jogarem”, afirmou a jogadora.
Segundo Tifanny, o entusiasmo pelo vôlei no bairro e na escola estimulou a professora de educação física do Colégio Estadual Antônio Oliveira da Silva, no Parque Amazônia, a inscrever os alunos nos jogos escolares de Goiânia no ano 2000. Ainda que a equipe só fizesse o sistema 6×0, quando todos os seis jogadores da equipe desempenham funções de ataque, defesa e levantamento, eles venceram a competição contra equipes com mais experiência e chamaram a atenção dos técnicos.
Amor por Goiânia
As boas lembranças sobre momentos e pessoas em Goiânia continuam em suas falas. “Devo muito ao meu primeiro técnico em Goiânia, Wesley. Aprendi muito com ele. Conseguiu me lapidar. Ele me mudou de posição, quando fui virar ponteira, quando comecei a ser atacante de ponta”, agradeceu
Tiffany ainda destacou que precisou sair de Goiânia e seguir para São Paulo para se profissionalizar.: “Todo atleta tem o sonho de crescer. E em Goiás, como outros estados do país, como sabemos, não tem um investimento no esporte, como em São Paulo, infelizmente”.