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Morador de Formosa soube da gravidez da esposa um dia antes de ir para guerra na Ucrânia

de Antônio Paulino
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Um dia antes de pegar um avião para participar da guerra na Ucrânia como integrante do exército ucraniano, um morador de Formosa (GO) chamado Emerson Souza, de 28 anos, descobriu que a esposa estava grávida do quarto filho do casal. Em entrevista ao Mais Goiás, ele conta que a mulher não queria que ele embarcasse, mas que o sonho de ganhar um bom dinheiro e de melhorar a vida da família falou mais alto. A viagem aconteceu no dia 19 de maio de 2025, mas a experiência foi breve: em 1º de agosto ele retornou ao Brasil. “Ficar longe da minha família foi muito difícil”, conta ele.

Morador de Formosa soube da gravidez da esposa um dia antes de ir para guerra na Ucrânia

Emerson já é pai de três crianças, que têm dez, quatro e dois anos de idade. A saudade dos pequenos e da esposa foi o que mais pesou na decisão dele de voltar para casa antes de fazer uma poupança robusta. Mas não só isso: ele conta que sentiu falta também do calor e da comida brasileira.

É péssimo ficar longe da familia da gente, sabendo que a gente pode morrer a qualquer momento”, diz Emerson, que embora viva hoje em Goiás, é natural de Minas Gerais. “Na maior parte do tempo eu estive afastado do front, mas passei por momentos de risco. Um deles foi em Kharkiv (Ucrânia), onde vi drones sobrevoarem a região em que eu estava e presenciei a explosão de bombas a poucos metros de distância”, recorda.

O rapaz soube da oportunidade de ingressar na legião estrangeira do exército da Ucrânia em troca de uma boa remuneração graças a um grupo de Whatsapp, do qual participava um recrutador. Depois de muita conversa – e apesar da resistência da esposa, ele decidiu embarcar porque a promessa era de receber uma remuneração generosa pelo tempo em que combatesse as tropas russas. Mas logo veio a decepção.

Emerson conta que, para alcançar o soldo prometido, ele teria que cumprir um número muito elevado de missões dentro de um intervalo de um mês, ou seja: seria praticamente impossível embolsar o dinheiro que ele achou que embolsaria e sair vivo dessa empreitada. Foi aí que a ideia de voltar para casa começou ganhar corpo. “ Eu sentia que precisava ir embora, mas pensava que não iria conseguir. Muita gente dizia que eu corria o risco de ser preso na fronteira”.

Outro problema era a falta de dinheiro para voltar para o Brasil. Até então, ele só tinha recebido pouco mais de R$ 2 mil e a viagem de volta custaria R$ 16 mil. “Só consegui voltar graças a uma vaquinha organizada pela minha família e pelos parentes da minha esposa, porque eu estava quebrado”.

Emerson desembarcou em Brasília no dia 1º de agosto, depois de passar por Roma e São Paulo. A primeira providência foi matar a saudade que ele estava da família. “A saudade tava grande”, diz o rapaz. “Quando vi minha filha correndo e dizendo ‘papai, papai’… aquilo quase partiu meu coração”. Hoje ele está trabalhando como funcionário de uma fazenda na região do Entorno do Distrito Federal.

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