O cuidado durante a gestação e a humanização do parto é foco de projeto do Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado de Saúde (SES). As policlínicas de Luziânia, Formosa, Jataí e Uruaçu ganharam novos centros obstétricos e os profissionais serão capacitados para realização de procedimentos que usam a tecnologia em favor da gestante e seu bebê. O objetivo é levar para todas as regiões do estado práticas como o Parto Adequado (natural, mas sem dor), já adotado no Hospital Estadual do Centro Norte Goiano (HCN), em Uruaçu.
A metodologia do Parto Adequado foi aprimorada por anestesiologistas do HCN para permitir a realização de partos naturais com anestesia peridural walking, que ameniza a dor sem tirar a força muscular da parturiente. “Conhecida também como walking epidural ou peri walking, a técnica é uma abordagem inovadora que proporciona alívio da dor de forma eficaz, permitindo às pacientes manterem a mobilidade e, assim, participarem do processo do parto natural, só que sem dor”, explica o secretário da Saúde, Sérgio Vencio.
Ao contrário da anestesia geral, que induz à inconsciência, a peri walking aplica anestésicos na medula espinhal, reduzindo a sensação de dor, mas mantendo a sensibilidade e, na maioria dos casos, a quase totalidade da força motora nas pernas, abdome e períneo. A paciente permanece ativa, caminhando e ajustando sua posição conforme necessário, pois a movimentação auxilia no progresso do parto. “É fundamental que essa técnica seja administrada por anestesiologista experiente, pois o equilíbrio entre alívio da dor, mobilidade e força muscular precisa ser cuidadosamente ajustado para cada paciente e situação”, explica o anestesiologista e diretor técnico do HCN, Luciano Dias.
Ainda segundo o médico, o Parto Adequado acolhe e cuida das pacientes ao longo de toda a gestação, oferecendo um atendimento ainda mais seguro e confortável para mãe e bebê. As pacientes podem ter um parto natural sem dor, acompanhadas pela enfermeira obstetra, médico, doula, além do acompanhante. Para ampliar o conforto, no HCN, o centro obstétrico conta com quartos com música relaxante, cromoterapia e aromaterapia apropriados para assistência humanizada, em ambiente lúdico. O método exige avaliação individual e tem sido opção muito utilizada na unidade com alto índice de recomendação entre as próprias pacientes.
*Inteligência Artificial*
No HCN também está em teste um projeto piloto de Inteligência Artificial, desenvolvido pela Superintendência de Tecnologia e Inovação da SES. A Caren, como foi chamada, organiza as informações da gestação e os dados do recém-nascido, inseridas pela equipe assistencial. Após análises, a IA repassa a indicação do grau de cuidado que se deve ter com a criança ao nascer e os protocolos a serem seguidos, na primeira etapa. Em uma segunda etapa, as mães recebem um guia personalizado dos principais cuidados que devem manter em casa com o recém-nascido.
“O objetivo dessa inovação, premiada em agosto pela Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia de Comunicação e Informação, é diagnosticar e interferir no cuidado, especialmente de prematuros e outras condições, reduzindo a mortalidade neonatal”, define Sérgio Vencio. Ele lembra que essa IA está em fase de testes e modelagem no HCN e que, após as análises, deverá ser estendida às outras unidades da rede estadual, incluindo o Hospital Estadual da Mulher (Hemu), referência estadual para alto risco gestacional que, assim como o HCN, se consolidando na assistência humanizada a gestantes, mamães e bebês.