“Tu sabe o que foi que aconteceu? Me explica, que eu ainda não sei o que foi”, assim começa a entrevista com Betina Baino, 35 anos, a lutadora de MMA que protagonizou o segundo episódio de nudez pública ocorrido em Porto Alegre nas últimas semanas. A indignação e o desespero acumulados em uma vida de erros e acertos a levaram ao ato extremado em um momento no qual se sentia completamente desamparada por tudo e por todos.
“Eu não quero pena, porque eu acho que ninguém tem o que não mereça e que não aguente. Mas quero que de repente as pessoas não façam o mesmo que eu, que vejam que não sou só um corpo, que possam manter a dignidade”, diz Betina.
Ela se refere à prostituição, trabalho ao qual teve que recorrer para comer, sendo que, naquele momento no qual resolveu ficar nua, nem a venda do próprio corpo lhe garantia o mínimo necessário para viver. “Estou em uma fase da minha vida em que eu não tenho mais nada”.
Enquanto caminhava nua, em meio aos carros e debaixo de chuva, ouvindo buzinadas e gritos de “gostosa”, Betina disse, entre outras coisas, que era do MMA. O carinho que ela tem pelo esporte é imensurável para quem vê de fora, porque, nos três anos nos quais praticou o esporte, pela primeira vez na vida sentiu o que era ter autoestima.